6/26/2006

Day dreaming

there are worse things than
being alone
but it often takes decades
to realize this
and most often
when you do
it's too late
and there's nothing worse
than
too late.
Há coisas piores que
estar sózinho
mas geralmente levamos decadas
a percebermos isso
e na grande parte das vezes
em que o percebemos
é tarde de mais
e não há nada pior
que
tarde de mais
Charles Bukowski









Toda a questão sobre mim próprio,

permanece no gelo do meu reflexo.
"Imagination will often carry us to worlds that never were. But without it, we go nowhere."
A imaginação leva-nos frequentemente a mundos irreais.
Mas sem ela, não vamos a lado nenhum.

~ Carl Sagan, Cosmos
Print de Alain Pilon

6/24/2006

Merendando com os monges da montanha Fu

Avançado nos anos, conheci princípios puros, claros,
hoje, cada vez mais afastado da multidão.
Espero a vinda dos monges da montanha solitária,
já varri a entrada do meu humilde lar.
Depois de picos e nuvens, ei-los por fim chegados
à pobre casa de colmo, o meu lar.
Sentados em esteiras comemos pinhões,
queimamos incenso, lemos os sutras.
Extingue-se o dia, acendemos lanternas,
anuncia-se a noite, tocamos o ching*.
Ao compreender que a quietude é fonte de alegria,
a vida concede-nos a liberdade serena.
Porquê tanta pressa em regressar?
No mundo tudo é vazio e nada.

* Pedras sonoras percutidas com uma vareta de madeira.

Wang Wei ( 701-761 )
Trad. António Costa De Abreu

6/16/2006

Embriagai-vos

Deve-se estar sempre embriagado.
Nada mais conta. para não sentir o horrivel fardo do tempo que esmaga os vossos ombros e vos faz pender para a terra, deveis embriagar-vos sem tréguas.
Mas de quê? de vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.
Mas embriagai-vos.
E se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na solidão baça do vosso quarto, acordais, já diminuída ou desaparecida a embriaguez, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão:
« São horas de vos embriagardes! para não serdes os escravos martirizados do tempo, embriagai-vos sem cessar! de vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.»

Charles Baudelaire ( paraisos artificiais ) Trad. José Saramago
Quadro de Jackson Pollock

Qual a novela que segues?

Fantásticos tempos estes, em que podemos escolher a nossa novela diária sem ficarmos prisioneiros de qualquer canal de televisão, nem da programação que ele escolhe por nós.
Pequeno prefácio para escrever sobre a novela que sigo neste momento,
a qual, me apetece partilhar com todos.
The New States Man, the complete series.
Os diários de Alan B´Stard, deputado de direita no parlamento inglês, que não olha a meios para atingir os seus fins, que não sabe o significado da palavra "moral", e que está sempre disposto a vender a sua própria Mãe, se isso lhe garantir algum interesse pessoal.
Simplesmente genial, é tudo o que tenho a dizer, ao jeito da propaganda inglesa do headline sobre a capa.
Rik Mayall é um actor fabuloso, daqueles que nos fazem esquecer a sua profissão, e o resto do elenco nunca lhe fica atrás.
Para ver todos os dias num DVD perto de si.
Estas novelas não demoram meses, mas há muito por onde escolher, por exemplo, posso adiantar-vos que as minhas últimas foram:
Six feet under, de Alan Ball, e Cosmos, de Carl Sagan.
Pequeno inconveniente: não servem de assunto de escritório, mas podem sempre tentar.

6/13/2006

Por vezes, os diáfanos do espirito despedaçam-me os versos.
Não os versos propriamente ditos, mas a matéria deles, a sua génese primitiva.
Por vezes nem são versos, são teia, argamassa, prosa fecundada na infância das infâncias, e depois fica só uma espécie de ideia central, uma letra do alfabeto das estrelas, uma pista a servir de lembradura.
Já não posso querer mal a estes passageiros incendiários, aprendi a viver com eles como faz o corpo com os micróbios.
Por vezes impedem algo mais, mas pergunto porém, existirá alguma coisa como, algo mais?

6/08/2006

Dualidade popular










A que pretende ser bela,

e com garridices conta,

ou está perto de ser velha,

ou está perto de ser tonta.

6/06/2006

capicua?

Não há coisa encoberta senão aos olhos da toupeira.