6/24/2006

Merendando com os monges da montanha Fu

Avançado nos anos, conheci princípios puros, claros,
hoje, cada vez mais afastado da multidão.
Espero a vinda dos monges da montanha solitária,
já varri a entrada do meu humilde lar.
Depois de picos e nuvens, ei-los por fim chegados
à pobre casa de colmo, o meu lar.
Sentados em esteiras comemos pinhões,
queimamos incenso, lemos os sutras.
Extingue-se o dia, acendemos lanternas,
anuncia-se a noite, tocamos o ching*.
Ao compreender que a quietude é fonte de alegria,
a vida concede-nos a liberdade serena.
Porquê tanta pressa em regressar?
No mundo tudo é vazio e nada.

* Pedras sonoras percutidas com uma vareta de madeira.

Wang Wei ( 701-761 )
Trad. António Costa De Abreu