5/25/2007



5/24/2007

persistência

"O homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter"

Sartre, Jean-Paul




Juan Génovés

5/16/2007

cinema experimental - para a slow, mas só a foto

Queria fazer cinema com ela.
Deitá-la na minha praia preferida, com o vestido que entre muitos, eu escolheria naquela altura.
Descobrir a sua pele, quando e quanto queria, pôr palavras carnais na sua boca fria.
Queria poder escolher entre cenários e cenários, fazer exotismos com os seus pés.
Calçá-los como bem entendesse, fazer a relação deles com a sua boca, espalhar os vermelhos à sua volta em vez de os pôr nela.
Queria realizá-la como agora, ou a mim, já não sei, utilizá-la.
Amor cinema.
Amor literatura.
Amei sempre mais as mulheres com que sonhei, e nenhuma delas era um poço de virtudes, por virtude de viverem nos meus dois mundos.
Queria fazer luz sobre cada parte do seu corpo, a que bate sobre a clareira da anca, onirica, amarelada.
A que brilha antes de chegar à nuca, a que escurece na garganta húmida da sua ilha do amor.
Fazer cinema sem preocupação de tempo.
Como se fosse possivel, valha-me a santa antiguidade, fazê-la morrer ao mesmo tempo que eu.
(N.G)

Slow picture - unknow

5/15/2007

Kurt Vonnegut , o sorridente

Só agora soube da morte de Kurt Vonnegut o mês passado.
tinha 84 anos, e dizia que a vida não é maneira de tratar um animal.
A sua existência literária, foi marcada em Dresden, em 11 de Setembro de 1945, quando a sua rotina de prisioneiro de guerra, alinhado na linha de montagem de uma fábrica de comprimidos instalada no antigo Matadouro 5, foi interrompida pelo mais brutal bombardeamento dos Aliados sobre a Alemanha nazi.
A cidade foi destruída e, nos dias seguintes, com outros prisioneiros, o jovem soldado empilhou corpos sobre corpos em crematórios improvisados.
“O bombardeamento de Dresden,” escreveu Kurt Vonnegut muitos anos depois,“é uma obra de arte.”
“Uma torre de chamas e fumo criada para comemorar a raiva e a indignação de tantos que tiveram as suas vidas interrompidas, arruinadas pela indescritível ganância e vaidade e crueldade da Alemanha.”
Matadouro 5 ( Slaughterhouse 5) foi publicado em 1969 e conta a história de Billy Pilgrim, um soldado raptado pelos Tralfamadorianos, uns sujeitinhos verdes, extraterrestres, que lhe ensinam a verdadeira natureza do tempo (isto é: que todos os momentos do passado, do presente e do futuro existem sempre e que a morte é apenas um momento desagradável, nem o fim nem o princípio) e depois o largam a dar a boa nova.
Atingido quando leva a sua mensagem ao Mundo, Billy já não se importa, porque sabia já como seria a sua morte.
Adeus, olá, adeus, olá” são as suas últimas palavras. E, ao mesmo tempo, as primeiras do ídolo que a contracultura criou e a cultura acabou por consagrar como um dos seus maiores.
A desenvoltura de um estilo literário que parecia capaz de criar uma nova gramática e mandar reformar os dicionários, as características peculiares da sua sátira e do seu humor negro colossal, fizeram de Kurt Vonnegut uma das vozes que define o melhor da literatura norte-americana do século XX.
outros trabalhos seus são:
Player Piano(1952), The Sirens of Titan(1959), ou Cat’s Craddle(1963) e God Bless You, Mr. Rosewater(1965)
Breakfest of Champions(1973), Jailbird (1979) e Galápagos: A Novel(1985)..

5/13/2007

Eu.
Parte da estrela, parte da galáxia, sugerindo grandeza através do meu existir, peço apenas que escutem com o vosso coração, o canto que sai do recipiente que sou, e me digam então.
Não era assim.
Sou muito velho, por isso falo assim.
Falo com a parte das palavras que vou retendo, há já tanto tempo.
Estou tão perto de não me fazer entender, como de mostrar tudo num breve contacto.
Quanto mais entendo isto, mais imprevisivel se torna a minha forma de comunicar.
Tem o vazio, vindo a tornar-se cada vez mais dinãmico na minha vida, envolvendo-me, a mim e a pessoas, numa mortalha feita de cosmos.
Se amanhã a felicidade é verdadeira, que importa isso?
Só de saber, que existe tudo quanto não sei, sonho o sonho, e sorrio o sorriso.
( N.G )

Allison Kendal - Jelly fish

5/11/2007

Serenidade
em vez do rasto do rio mental.
O momento está sempre em movimento.
Sobra a paz da sua contemplação.
A folha verde.
A voz calma de um amigo.
O tempo enrola suave, a sua canção.
Anjos e diabos, descansam à sombra.
A guerra esquecida, adormece também.
Metade de uma metade, passa de mão em mão.
Tira-se metade de um retrato, mas não faz mal, não faz mal...
Quase nada sabemos sobre essas grandezas.
Serenidade
em vez do rasto do rio mental.

(N.G.)



Maine landscape - Alex Katz