2/21/2009

Lavorare stanca

Detesto o trabalho (lavorare stanca) e não quero nada. Bom,gosto de dormir, e até durmo muito bem, talvez um bocadinho demais. Graças a Deus, preciso mesmo de dormir. Ás vezes, nos filmes, tenho problemas de metabolismo, quando se passa subitamente do dia para a noite, mas nada mais. Se sofresse de insónias, um destes dias dava em doido como o Nietzsche, doido varrido. Dormir é um velho truque que aprendi com o Tolstoi, e também com o Rossellini. No outro dia, li no Libération uma coisa assustadora: Um realizador francês queixava-se imenso das insónias crónicas que tinha. Pensei com os meus botões: então esse pobre senhor, quando chega ao plateau para fazer o trabalhinho, deve estar a morrer de sono. É desumano que não possa fazer gazeta para descansar o seu bocado. É o que qualquer pessoa faria em condições semelhantes. O ideal é chegar ao plateau com a frescura de uma rosa e a agilidade de um caçador perante a presa. Para bem poder saudar a beleza do mundo, como é evidente. E a beleza do mundo, como se sabe, é a beleza do cinema.

I hate the work (lavorare stanca) and do not want anything. 

Well, I like to sleep, and even sleep well, maybe a little to much. 

Thank God, I really need to sleep. 

Sometimes in movies, I have problems in metabolism, when suddenly the day turns to night, but nothing more. 

If i would suffer from insomnia, one of those days i would be crazy like Nietzsche.

Sleep is an old trick I learned with Tolstoy, and also Rossellini. 

The other day, I read a scary thing in Libération: 

A French filmmaker complained that he had chronic insomnia. 

I thought with my buttons: so that poor sir, when he get´s to the plateau to do the job must be dead sleeping.

It is inhuman that he cannot rest for a while. 

That´s what any person would do under similar conditions. 

The ideal is to reach the plateau with the freshness of a rose and agility of a hunter to the prey. 

To welcome the power and beauty of the world, of course. 

And the beauty of the world, as we know, is the beauty of the film.


- Joao César Monteiro -