3/05/2007

Na margem da folha

Na margem da folha, descansas serena, tu, amada contemplativa.
Hoje tenho o teu sorriso, por certos deuses permitido.
Tenho gôtas de orvalho como saudades.
Tenho já maças da vindoura primavera.
Que gesto ousado permite lá no fundo, desenhar o retrato do que somos no mundo?
Na margem da folha, onde estão já os altos espaços, olhas para mim com o teu pudor atrapalhado, com receio que eu te puxe para a confusão aqui do centro.
Mas hoje...
Tenho o teu sorriso, talvez brincando com a graça da coragem, mas que faz o sumo, a alegria, a sugestão.
Que gesto ousado te permite, lá no fundo, entrares no retrato que eu faço do mundo?

N.G.
Jieng Sa Cheon-chinese ink on paper