3/12/2006

blues for Ali

Morreu na passada 3ªa feira, Ali Farka Toure. Para mim foi um daqueles abanões...e nem sei porquê.
Para vos ser sincero, tal como vocês, só conheço Farka Toure desde o trabalho que ele fez com o Ry Cooder hà relativamente pouco tempo, mas o homem desde logo se agigantou na minha mente ao nivel dos grandes, o John Lee Hooker, Johny Cash, etc. Aqueles que, à escala Universal metem o virtuosismo num chinelo em prol de uma alma maior do que a propria consciência.
Gostos nao se discutem mas...preocupa-me não encontrar ninguém que possa herdar e dignificar essa disciplina. E quando morrer o Dylan e o Neil Young?
E quando finalmente chegar a vez do Tom Petty, Bruce Springsteen e do Mark Knofner (ligeiramente mais novos), quem fica?

Será que o Richard Ashcroft, o Jack Johnson, o Ben Harper, o Femi Kuti, a PJ Harvey, o Tom Yorke, o Ryan Adams estão em condicões de carregar esse fardo? Sim, claro que são mais novos, nascidos num mundo diferente para uma industria musical desalmada...Preocupa-me não ter contemporãneos que de facto me inspirem.
Eu próprio sinto-me a acordar para essa missão, o que faz de mim, após 10 anos de carreira, uma crianca no que really matters. Vamos curti-los enquanto podemos e...nesse espirito, por favor devorem tudo o que encontrarem de Salif Keita...MESMO.

( texto enviado por Lata Dog, músico português residente en Londres.)

P.S.- não posso deixar de assinalar que esta noticia me chega com um desfazamento de alguns dias
porque em Portugal, a morte de tão importante artista, não foi pelos vistos, assim tão importante. será porque em londres não existem Benficas ou visitas de princesas estrangeiras? ou será porque em Portugal ou é mainstream, ou é alternativo?